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Precisamos mesmo sair da zona de conforto?

É comum ouvirmos muitas advertências para que modifiquemos nossa personalidade, mas talvez possamos lidar melhor com ela para que o equilíbrio seja nossa fortaleza

A fim de preservar seus empregos e preocupados com o encarreiramento, muitos profissionais procuram seguir um conselho bastante difundido em ambientes organizacionais: “É preciso que você saia da sua zona de conforto!”, dizem por aí. Com isso, os profissionais procuram investir no autodesenvolvimento, lapidar seu perfil comportamental/técnico e ousam enfrentar novos desafios para revigorar a carreira.

Principalmente em momentos de crise, é comum notar esse comportamento. Vivemos tempos em que o preparo, o conhecimento e a performance são fatores cada vez mais exigidos e aumentam exponencialmente nosso nível de autocobrança.

Todavia, gostaria de enveredar por outro caminho e mostrar um prisma talvez deixado de lado por conta desse afã pelo desempenho superior. A reflexão que trago sobre a zona de conforto é que se trata de um “local” onde transitamos com segurança, tranquilidade e comodidade. Qual o problema se estamos aproveitando nossos potenciais? Todos temos inclinações que se apresentam com espontaneidade e competências que naturalmente despontam. Então, por que não seguirmos esses sensos que podem potencializar nossas ações?

É comum ouvirmos muitas advertências para que modifiquemos nossa personalidade, mas talvez possamos lidar melhor com ela para que o equilíbrio seja nossa fortaleza. Carl Gustav Jung, um dos precursores da psicologia profunda analítica, alerta que o temperamento é algo dificilmente mutável, mas a personalidade pode ser moldada em alguns aspectos com o passar do tempo.

Conceitos como extroversão e introversão, popularizados por este psicólogo, falam de atitudes primordiais diante do mundo. Outras funções, tais como pensamento, sentimento, sensação, intuição, percepção e julgamento, também são elementos muito utilizados em vários testes psicológicos atualmente aplicados e constituem toda uma miríade de tipos psicológicos.

No meu ponto de vista, o importante é que tenhamos uma boa autopercepção e que possamos investir no trabalho incessante de autoavaliação. Todas as habilidades intrapsíquicas, ou seja, que cultivamos intimamente, são fundamentais para iniciar a transformação que almejamos, antes mesmo de sairmos de nossa “zona de conforto”.