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Namorados, 'arraiás' e Copa: a esperança do comércio
Para alguns lojistas do Centro da capital paulista, o combo junino pode ser a salvação do primeiro semestre. Vitrines decoradas, promoções e frente fria devem impulsionar o varejo
A cada quatro anos a Copa do Mundo movimenta ainda mais o comércio neste mês de junho que também atrai muitos consumidores por conta do Dia dos Namorados e das festas juninas.
No Centro de São Paulo, as lojas estão mais coloridas. Enquanto umas apostaram no verde e amarelo, outras estampam corações e a cor vermelha em suas vitrines.
O xadrez, as bandeirinhas e os chapéus de palha também fazem parte da produção das lojas para chamar a atenção dos clientes.
Para o Dia dos Namorados, por exemplo, a expectativa é de que as vendas podem crescer até 5% em São Paulo, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Especializada em moda para surfistas e skatistas, a Overboard, na rua São Bento, espera um aumento de 30% nas vendas para o Dia dos Namorados em relação ao mês anterior.
Depois do Natal, esta é a principal data para a loja, de acordo com Daniel Keenje Eda, vendedor responsável da Overboard.
A queda nos termômetros também deve impulsionar o negócio, que costuma vender peças mais caras em dias mais frios, como calças e jaquetas.
Eda diz que o tíquete médio de 2017 para a data foi de R$ 250. A expectativa é que o valor seja mantido neste ano.
O frio dos últimos dias levou a maior parte dos lojistas a encher as vitrines com peças de inverno. Na manhã de terça-feira (5/6), Flávia Gales, gerente da Aresta, loja de roupas femininas, trocava vestidos dos manequins por casacos e blusas de tricô.
Com as vendas em baixa, Flávia espera que o movimento cresça no mínimo 15%, com o pagamento do salário no quinto dia útil do mês. “Apostamos na venda de peças xadrez que tem apelo junino e roupas de frio para o Dia dos Namorados”, diz.
Para chamar a atenção da clientela, nas araras da frente da loja estavam em destaque as peças em promoção do inverno passado, que custam entre R$ 99 e R$ 199, no pagamento à vista.
No fundo da loja, os lançamentos e peças mais caras, de R$ 220 a R$ 350, que podem ser parceladas em até doze vezes com cartão de crédito.
COPA DO MUNDO E FESTA JUNINA
Já em relação às compras associadas à Copa do Mundo, o que ainda deve determinar o crescimento para o varejo neste período, é o avanço da seleção brasileira no mundial.
De acordo com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), os maiores beneficiados nesse sentido serão os micro e pequenos empresários do varejo de souvenirs (80%), comércio eletrônico (72%) e bares e restaurantes (68%).
Mauricio Stainoff, presidente da FCDLESP (Federação de Câmaras Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo), diz que o grande varejo, como supermercados e lojas de eletroeletrônicos, também pode sentir os efeitos positivos da Copa do Mundo.
De acordo com Stainoff, o comércio eletrônico pode ter um crescimento de 57% nas vendas, enquanto o comércio popular deve registrar um aumento de 20% entre junho e julho.
“À medida que o Brasil avança na competição, a euforia do brasileiro também aumenta e vem o desejo de consumir produtos ligados ao evento ou mesmo se reunir com familiares e amigos para comemorar. Tudo acaba estimulando o consumo”, diz.
Na região da 25 de março, as lojas também apostaram na junção das datas para atrair os clientes. O início da Copa do Mundo é no próximo dia 14, mas já é possível ver consumidores enchendo as sacolas com artigos temáticos, como bandeira, copo, corneta, balão, e até fantasias para torcer pelo Brasil.
De acordo com Lúcio Nogueira, gerente de loja, a expectativa é grande, pois já há procura por diversos itens.
"As vendas disparam mesmo de acordo com as vitórias da seleção. Mas, muitas famílias estão preparando arraiás para assistir aos jogos e estão comprando coisas para decorar e se fantasiar. Apostamos em um crescimento de 30% até a primeira quinzena de julho", diz.
FEITIÇOS NOS SHOPPINGS
Um levantamento da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mostra que 73% dos centros comerciaisestão otimistas com o Dia dos Namorados. Destes, 28% têm expectativa de crescer em 5% as vendas, em relação à mesma data do ano anterior.
Entre as categorias de produtos, vestuário é a que mais se espera um crescimento nas vendas, com 37% das respostas, seguido por perfumaria (19%) e calçados (10%). Em relação ao tíquete médio, a expectativa fica na média de R$ 75 e R$ 100.
Para fisgar os clientes, o Shopping Vila Olímpia irá sortear dois visitantes que comprarem acima de R$ 300 até o dia 12 de junho, para uma viagem a Galápagos e Ilhas Gregas com direito a um acompanhante cada.
No Shopping Light, na região central da capital, a cada R$ 200 em compras, o cliente troca a nota fiscal por um brinde, uma mini caixa de som. Para completar a ação, o empreendimento também disponibiliza uma jukebox para os casais dedicarem uma música ao seu par em uma espécie de lounge.
Em uma loja de bolsas e acessórios do Shopping Light, a procura por carteiras e mochilas femininas cresceu 10% na última semana. Para uma das vendedoras do estabelecimento, o movimento deste ano já é superior ao de 2017, e para não perder clientes, a loja está oferecendo 10% de desconto nos itens da nova coleção, algo que não acontecia há três anos, segundo a vendedora.
NA INTERNET
Nos últimos três anos, o Dia dos Namorados foi fundamental para o setor de e-commerce ampliar o faturamento no fechamento do primeiro semestre.
Em 2015, as vendas online para a data somaram R$ 1,4 bilhões, e foram superadas pelos R$ 1,6 bilhões em 2016. Já no ano passado, o e-commerce faturou R$ 1,7 bilhões, no período, de acordo com a E-bit.
Mesmo sem abrir números, Malte Huffmann, co-fundador da Dafiti Group, diz que essa época do ano tem uma forte correlação com o aumento das vendasdo marketplace. Por se tratar de um país com pouca variedade de estações, a empresa, basicamente, aposta em uma coleção de verão forte e outra de inverno relevante.
“Nossos clientes se interessam muito pelas liquidações dessas duas estações. Mas, percebemos que as categorias de itens voltados à estação têm forte saída quando a temperatura diminui”, diz.
Neste ano, a marca foi ousada e apostou em uma campanha de Dia dos Namorados com uma mensagem de amor-próprio, mostrando de forma descontraída uma mulher se presenteando na data em que comumente se escolhe algo para mimar o parceiro.