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Trabalhador de baixa renda prefere a indústria
Fonte: Estadão
Márcia De Chiara
Pesquisa revela que 43% gostariam de trabalhar na indústria e só 12% preferem o varejo
Conseguir uma vaga de trabalho na indústria é o sonho da maioria dos trabalhadores de baixa renda que vivem na cidade de São Paulo. A constatação é de uma pesquisa feita em julho pela Quorum Brasil. De acordo com a enquete, 43% dos entrevistados que recebem entre R$ 901 e R$ 1.200 por mês gostariam de trabalhar na indústria , enquanto só 12% têm intenção de se empregar no comércio.
Foram ouvidas 600 pessoas com renda mensal de até R$ 1.200, divididas em três faixas. A pesquisa concluiu também que, na medida em que a renda cresce, diminui a procura por emprego público e aumenta a expectativa de conseguir uma vaga na indústria.
Entre a população que recebe até R$ 450 por mês, a intenção de trabalhar na indústria é de 26%, ante 28% nos serviços, 27% em emprego público e 19% no comércio.
Já entre os que recebem de R$ 451 a R$ 900, a expectativa de obter uma vaga na indústria sobe para 32%, ante 37% no emprego público, 23% nos serviços e 8% no comércio.
No estrato mais alto, de renda entre R$ 901 e R$ 1.200, a intenção de trabalhar no setor público cai para 25%. Outra constatação da pesquisa é a de que o emprego formal, com carteira de trabalho assinada é a grande demanda, independentemente da faixa de renda.
“Não é necessariamente a renda maior que atrai a mão-de-obra para a indústria”, afirma o professor do Instituto de Economia da Unicamp Claudio Dedecca. Ele aponta o horário comercial de segunda a sexta-feira e a não obrigatoriedade de trabalhar em fins de semana e feriados como fatores de atração da mão-de-obra. “As pessoas migram do comércio para a indústria em busca de condições mais favoráveis de trabalho para a sua vida.”
Dedecca se disse surpreso com o resultado do estudo feito por ele a partir do dados da Relação Anual de Informações (RAIS), do Ministério do Trabalho, que mostra o aumento da migração de trabalhadores entre os setores da economia na Região Metropolitana de São Paulo e coloca o comércio como doador líquido de mão-de-obra para indústria.
Os resultados, diz ele, contrariam a tese de que a indústria teria um papel menor no processo recente de recuperação da atividade econômica, especialmente na Região Metropolitana de São Paulo, que estaria passando por uma fase de desindustrialização.