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Oportunidades e ameaças do Open Finance no mercado brasileiro

Segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil (Bacen), no 4º trimestre de 2022, o Open Finance alcançou a marca de 18.7 milhões de consentimentos ativos para compartilhamento de dados, com mais de 800 instituições cadastradas

Autor: Elisa SimãoFonte: A Autora

Segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil (Bacen), no 4º trimestre de 2022, o Open Finance alcançou a marca de 18.7 milhões de consentimentos ativos para compartilhamento de dados, com mais de 800 instituições cadastradas. Quando comparado ao Reino Unido, região precursora na implementação do ecossistema Open, o Brasil se demonstra claramente mais rápido nessa evolução.

Embora o desenvolvimento do Open Finance no mercado brasileiro apresente uma celeridade diferenciada em relação aos índices mundiais, existem algumas ações importantes, junto ao mercado, que devem ser intensificadas pelo regulador, Bacen, e pelas instituições participantes. O propósito é combater as principais ameaças: o desconhecimento sobre o modo de operação do sistema e a insegurança em relação à privacidade de dados. Considerando que nos primeiros dois anos os esforços são mais voltados ao incremento operacional e de segurança do novo ecossistema, no terceiro ano é preciso se atentar ao lançamento e oferta de novos produtos e serviços pelas instituições financeiras tradicionais e não tradicionais, de modo a garantir a aderência dos clientes ao Open Finance.

Alinhada às ações de resposta a uma das principais ameaças ao Open Finance apontadas pelo mercado, a nossa pesquisa Digital Trust Insights 2022 indica que 83% das organizações brasileiras previam um aumento nos seus gastos cibernéticos em 2022, em comparação com 69% globalmente. O estudo mostra ainda que 45% das empresas brasileiras previam um aumento superior a 10% com esses gastos, contra um índice de 14% no ano anterior.

Conforme outro estudo da PwC com executivos de 37 empresas do setor, a 2ª edição da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2022, acredita-se que as fintechs mais maduras, que já usam o Open Finance, consigam avançar na oferta de novos produtos e serviços, mesmo em um cenário econômico atual mais desafiador, com o propósito de identificar clientes que possam usar o crédito de forma mais sustentável e rentável.

Para o segmento de fintechs, o Open Finance representará também uma oportunidade de ampliar sua base de clientes, uma vez que, mediante consentimento, clientes que não conseguirem obter empréstimo em instituições financeiras tradicionais, poderão disponibilizar seus dados financeiros a elas . Nesse contexto, as startups poderão ofertar opções de crédito alinhadas ao perfil de risco deles, com o diferencial do tempo reduzido para análise e liberação do crédito.

As oportunidades proporcionadas pelo Open Finance não se limitam ao mercado de bancos e fintechs, já que as instituições de pagamento, operadoras de câmbio e corretoras de seguros, de investimentos e de fundos de previdência também podem compor o ecossistema.

Mesmo diante um cenário econômico desafiador, pode-se observar que o Open Finance seguirá como uma excelente oportunidade de incentivar a concorrência no Sistema Financeiro e de Pagamentos brasileiro e, por conseguinte, ampliará o acesso ao crédito com melhores preços, taxas e limites.

Portanto, para atuar ativamente neste ecossistema e usufruir dessas oportunidades, será fundamental que as instituições financeiras e de pagamentos invistam e se comuniquem bem com o mercado sobre a sua estrutura de Governança, e que ela seja voltada ao monitoramento dos riscos de privacidade de dados e segurança da informação. Ainda será chave o desenvolvimento de soluções financeiras acessíveis, alinhadas às necessidades de crédito dos seus clientes e que proporcionem boa jornada/experiência para eles quando usarem o Open Finance.

Elisa Simão - Sócia da PwC Brasil