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O Caso Bruno Basso - As ligações perigosas entre escritórios de advocacia e o crime: um mal que precisa ser combatido

A única forma de frear essa triste realidade é tratar esses crimes com seriedade e com punição pesada, de acordo com a lei

Autor: Claudio GoldbergFonte: 0 autor

Extorsão, ameaças, violência e agressões morais e físicas são crimes graves e inaceitáveis, independentemente da idade ou gênero da vítima. Porém, infelizmente, as estatísticas comprovam que as mulheres são sempre as principais vítimas. A única forma de frear essa triste realidade é tratar esses crimes com seriedade e com punição pesada, de acordo com a lei. A Justiça brasileira deve atuar imediatamente.

Mas a realidade pode ser bem diferente da expectativa. O caso do empresário Antonio Bruno Di Giovani Basso, cuja lista de crimes cometidos é extensa , infelizmente demonstra isso. Após um longo trâmite, a justiça encerrou o caso com sua efetiva condenação. Entretanto, a história de Bruno Basso mostra que a condenação nem sempre é garantia do cumprimento da pena e, principalmente, da segurança de sua vítima, que no caso é a sua ex-mulher. Por que isso acontece?

Advogados que representam criminosos: Advogados são essenciais para o sistema de justiça, pois têm a obrigação de garantir que seus clientes recebam um julgamento justo e equitativo. No entanto, quando advogados representam criminosos, pode haver uma sobreposição entre a defesa dos interesses do cliente e a facilitação de atividades ilegais. Além disso, se os advogados participarem das atividades criminosas dos seus clientes, eles próprios podem ser responsabilizados legalmente.

Essas práticas ilegais prejudicam o sistema de justiça e a sociedade como um todo. É importante que os advogados e escritórios de advocacia sigam as leis e regulamentações para garantir que não sejam cúmplices em atividades criminosas. As autoridades também devem tomar medidas para investigar e punir aqueles que se envolvem em tais atividades ilegais.

Não é difícil entender como esse fenômeno ocorre. Empresas, entidades ou pessoas encrencadas na Justiça costumam montar estratégias paralelas de defesa usando lobby e recursos jurídicas para tentar procrastinar o cumprimento de pena judicial ou amenizar a mesma com liberdade provisória. É nesse ponto que entra o exemplo do empresário Bruno Basso.

A história de crimes de Bruno Basso teve início quando ele se separou de sua ex-mulher, Maria Cristina Boner Leo, empresária do mercado de tecnologia da informação. O empresário exigiu um valor milionário na separação, o que lhe foi prontamente negado visto que nunca contribuiu para o sucesso da ex-esposa. Diante da negativa, ele iniciou uma cruel empreitada de ameaças, ataques e agressões à ex-esposa. Preso duas vezes, sendo uma delas em flagrante quando ameaçava e extorquia violentamente a ex-mulher, Bruno Basso foi ainda condenado em um episódio de agressão a um idoso que testemunharia contra ele. Nem mesmo os 10 processos contra sua pessoa foram capazes de interromper a sequência de ataques de Bruno Basso contra a empresária e suas filhas.

O STF condenou no dia 20 de setembro de 2020 o réu Bruno Basso pelo crime de extorsão a sua ex-companheira, Cristina Boner, após 12 anos de luta da vítima por justiça. Desde então, os advogados do criminoso moveram 18 tentativas de prescrição do processo para tentar extinguir a pena. Finalmente, em 11/02/2023, a secção de cumprimento de mandatos de prisão conseguiu encontrar o meliante e comunica-lo do cumprimento da decisão. O mesmo foi detido, mas a sua permanência na prisão pode ser curta. Seus advogados já articulam a soltura do mesmo, o que pode garantir a terceira saída da prisão de Bruno Basso.

A lista de crimes cometidos pelo empresário Antonio Buno Di Giovani Basso é extensa, assim como foi o trâmite judicial. O processo foi longo e tramitou por diversas instâncias da Justiça brasileira por mais de 11 anos.

A prisão de Bruno Basso é uma vitória de todas as mulheres

A prisão de Bruno Basso deveria ser um exemplo de que a justiça alcança a todos e que mesmo os poderosos podem ficar impunes. Além disso, reforça o sentido de evolução da nossa sociedade no combate à violência contra a mulher. A impunidade do agressor ainda é uma das maiores ameaças que aflige diariamente milhares de mulheres vítimas de crimes brutais. E evidencia as estatísticas de que em grande parte dos casos, a violência é cometida dentro do próprio lar. Ao decretar a prisão de Bruno Basso em instância definitiva, a Justiça deixa claro que ninguém é imune, independentemente de quanto poder ou influencia se tenha.

Cristina transformou uma violência em esperança para outras mulheres e criou a AME

Cristina Boner, transformou o limão em limonada e encontrou um proposito para levar adiante. Compreendeu que outras milhares de mulheres viviam situações semelhantes e resolveu agir. dos mesmos. Em 2004, a empresária uniu um grupo de mulheres empreendedoras com o intuito de fundar uma associação civil, sem fins lucrativos e de interesse público (OSCIP), em prol da valorização da mulher e fomento a participação feminina na sociedade. Assim, surgiu a Associação de Mulheres Empreendedoras, a AME. Desde então, milhares de mulheres foram treinadas e capacitadas com cursos presenciais e online, para ganharem independência, ingressarem no mercado de trabalho e se verem livres da violência doméstica.

Segundo Maria Cristina Boner, qualquer decisão no sentido de deixar Bruno Basso, criminoso foragido durante longos anos é um desrespeito as mulheres e ao significado de justiça.