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Para um novo perfil de contador
Diante do atual momento de crise vivido pelo país e pelos agentes econômicos,
Diante do atual momento de crise vivido pelo país e pelos agentes econômicos, o Contador precisa assumir a sua função principal, que é participar na solução dos problemas econômicos, financeiros e patrimoniais das pessoas, recomendando ações para a tomada de decisões nestas áreas.
O registro contábil e todos os registros que envolvem atos de gestão e prestação de contas aos órgãos públicos são apenas expressão das observações dos fatos gerados pelos gestores; na realidade, recursos técnicos utilizados para guardar memória de fatos patrimoniais e dar consistência à elaboração das demonstrações contábeis, mas que não representam a atividade principal do Contador.
De acordo com o Ministério de Educação (Resolução CNE/CES nº 10, de 16/12/2004, que institui as diretrizes curriculares para o Curso de Ciências Contábeis), o Contador tem que revelar competências e habilidades para exercer as “suas responsabilidades com o expressivo domínio das funções contábeis (...) e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais, que viabilizem aos agentes econômicos e aos administradores de qualquer segmento produtivo ou institucional o pleno cumprimento de seus encargos quanto ao gerenciamento, aos controles e à prestação de contas de sua gestão perante à sociedade, gerando também informações para a tomada de decisão, organização de atitudes e construção de valores orientados para a cidadania”.
Dizer que o Contador serve para abrir e fechar empresas; cuidar dos registros e controle dos funcionários; escriturar os livros fiscais e comerciais; gerar guias de tributos a ser pagos e prestar informações ao Fisco nos parece muito pouco para o bacharel em Contabilidade, que necessita ocupar o seu espaço profissional a fim de ser valorizado.
As atividades de registro e de informações fiscais não são atividades que valorizam o Contador porque são tarefas exigidas pelo Estado para dar existência aos agentes econômicos. Não é o cliente que solicita o serviço, mas o Estado. É o Estado que obriga o agente econômico a executar todas estas exigências.
Para o Contador, não basta apenas escriturar e gerar informações sobre as riquezas produzidas pelos agentes econômicos. Ele precisa saber o que fazer com as informações obtidas, para sanar os problemas existentes. Registrar que a empresa vendeu R$ 100, comprou R$ 50, recebeu R$ 80 e pagou R$ 40 não tem importância para o gestor se o Contador não proceder a análise destes dados e orientá-lo quanto a uma possível queda no capital de giro e o que deve ser feito para melhorar este capital.
As demonstrações contábeis são instrumentos de estudo do Contador. Estas demonstrações estão para o Contador assim como as leis para os advogados; ou o corpo humano, para os médicos. A sociedade valoriza o médico porque ele cura as doenças dos pacientes. Da mesma forma, a valorização do Contador passa pela solução que ele dá aos problemas solicitados pelos seus clientes.
Acontece que esta valorização somente se dará quando ele, através de seus órgãos representativos, participar mais ativamente na solução dos problemas sociais. É preciso mudar urgentemente a forma como o ensino contábil é desenvolvido e como a defesa profissional é conduzida; e esta mudança precisa ser implementada já, para a proteção da nossa sociedade e da riqueza nacional.
Salézio Dagostim é contador; pesquisador contábil; professor da Escola Brasileira de Contabilidade (EBRACON); autor de livros de contabilidade; presidente da Associação de Proteção aos Profissionais Contábeis do Rio Grande do Sul - APROCON CONTÁBIL-RS; fundador e ex-presidente do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do Sul; e sócio do escritório contábil estabelecido em Porto Alegre (RS), Dagostim Contadores Associados, à rua Dr. Barros Cassal, 33, 11º andar - salezio@dagostim.com.br